terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Rio Amazonas

O avião sobrevoa Manaus. É a primeira vez que vejo o Rio Amazonas. Ou seria o Rio Negro este que vejo? Pouco importa. Se ainda são dois, logo se juntam.


Àgua imensa, escorre devagar, a caminho do sol nascente, sempre adiante, sem que o homem - com músculos ou máquinas, com músculos e máquinas, com músculos feitos por máquinas - possa opor-se. Seria capaz de esmagar uma floresta apenas com seu nome. Sê grande! O maior do mundo! Realiza por nós as grandes coisas que deixamos de fazer: a Copa de 50, o assento no Conselho de Segurança da ONU, uma moeda estável, o Prêmio Nobel, um brasileiro na Lua, Marta Rocha Miss Universo, a tristeza não admitida, a violência que não pudemos vencer, o surto de alegria obrigatória no Carnaval, as vidas morridas, amores definhados, amizades mal-mantidas, presentes esquecidos, sorrisos e lágrimas à mingua, boas escolas, dentes saudáveis, árvores não plantadas, livros não escritos, filhos que ficaram por nascer, a Copa de 82.

Esta água imensa torna grande a todos, quem sabe? "É nosso! O maior do mundo!", pensamos. Um orgulho incoerente de quem nada fez por sua quantidade. O Rio Amazonas e Gisele Bündchen; é o bastante.

O rio é grande. O rio é forte. O rio é pesado. O rio é lento. O rio é paciente. Por milhares de milhares de metros, por milhares de milênios de passado e futuro mantém vivas bilhões de toneladas de biomassa até que (justo em seu tamanho máximo) dilui-se no oceano. Será nada, livre enfim do nome que lhe deram. Tanto para nada!

O rio parece não se arrepender.

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