sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Pequeno Manual para Um Aspirante a Maratonista Meia-Boca

Correr. Provavelmente o esporte mais natural e o mais acessível aos seres humanos. Não importa sexo, idade, classe social, lugar onde se vive. Esta antiga modalidade está cada vez mais moderna, atrai mais gente, com praticantes que enchem as ruas todos os domingos em provas pelo mundo todo.

Mas os corredores não são feitos apenas de sangue, músculos, força, garra, persistência, superação e suor. Estes são os que sobem no pódio !
Mas lá atrás, lá no fundão, a história é um pouco diferente.

Um corredor do fundão se faz com indisciplina e preguiça, pouca técnica e muito improviso. E ainda assim há grandes vantagens nisso. Mamãe, por exemplo, acha que sou o maior corredor do mundo. E quando o médico pergunta: "vc faz alguma atividade física regular?", trato de esquecer o adjetivo e respondo "claro, doutor, eu corro !!!!"

Na próxima semana tentarei completar minha primeira maratona. A preparação não aconteceu exatamente como o planejado. Alguém mais exigente poderia dizer que nem aconteceu. Cheguei a pendurar a planilha de treinos na geladeira para me lembrar de minhas obrigações, mas não adiantou. Nem eu nem a geladeira treinamos mais em razão disso. E agora, com o dia D chegando, mesmo sem cumprir integralmente a planilha de treinos de uma única semana, sem completar nenhum longão com mais de 25 km, lá vou eu tentar provar que a fé pode mover montanhas e pernas mal preparadas.

Se vc, amigo ouvinte, está na mesma situação que eu, tentarei ajudá-lo como O PEQUENO MANUAL PARA UM ASPIRANTE A MARATONISTA MEIA-BOCA

1) No dia da prova acorde cedo e tome um café da manhã substancioso. Esta pode ser sua última refeição.

2) Antes de sair de casa, faça uma oração para Santa Rita de Cássia, padroeira das causas impossíveis, e outra para São Judas Tadeu, padroeiro das causas desesperadas. Se não fizer bem, mal não faz.

3) Não olhe para o mapa do percurso. Só de imaginar que vai ter que correr do Centro Cívico até o Pinheirinho E VOLTAR, vc nem sai de casa.

4) Largue lá no fim do fim da retaguarda do pelotão, assim ninguém te passa. Isso melhora a autoestima !!!

5) Corra leve. Se vc não treinou o suficiente não queira agora levar uma farmácia completa nos bolsos, uma garrafa de chá milagroso preparado conforme a receita de sua querida avó (que Deus a tenha), um álbum de fotos da família para motivá-lo nos momentos difíceis, um manual de levitação para inciantes, balões inflados com gás hélio para aliviar o peso, etc. Isso não irá resolver.
Seja otimista. Carregue apenas dois pacotinhos daquele gel açucarado, uns comprimidos de BCAA e um dinheirinho pro táxi.

6) Economize energia no começo, no meio e no fim do percurso. Isso pode ser fundamental para completar os últimos 100 metros.

7) Corra acompanhado. Sozinho se vai mais rápido, acompanhado se vai mais longe. Divida sua dores e esperanças naquela pequena eternidade que separa a largada da chegada.
Na melhor das hipóteses vocês disputarão um sprint final prá ver quem chega primeiro. Na pior das hipóteses é bom ter alguém ao lado que possa chamar a ambulância.

8) Se num momento qualquer após o km 30 o silêncio tomar conta de tudo à sua volta, vc for inundado por uma sensação de paz e tranquilidade, o mundo começar a se mover como se estivesse em câmera lenta, um túnel de luz se abrir à sua frente, com anjos convidando-o a entrar... NÃO VÁ PARA A LUZ !!! NÃO VÁ PARA A LUZ !!!
É hora de parar e usar aquele dinheirinho do táxi para voltar para casa.

9) Para largar, corra. Para chegar, ande, sempre que necessário. Quase todos que completam uma maratona acima de 4 horas andam um pouco. Um pouco de cada vez. Várias vezes... rs.
Faça alguns alongamentos, se achar que deve. Tem gente que come bananas, sanduíches, bebe coca-cola. Vale tudo prá cruzar a linha de chegada.


Boa sorte a todos.
Nos encontraremos lá.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Mountain Do

MOUNTAIN DO - LAGOA DA CONCEIÇÃO - 2011
O que só eu vi (senti e imaginei)

Saio de Curitiba, apanho meu carona, o Sergio Brackmann e seu inestimável moedeiro do Atlético Paranaense que continha moedas suficientes para pagar todos e cada um dos pedágios que encontraríamos pelo caminho sem incomodar qquer um dos atendentes, abasteço o carro, calibro os pneus e lá vamos nós em direção ao interessante desconhecido Mountain Do, uma corrida de revezamento realizada ao redor da Lagoa da Conceição, Florianópolis,  entre trilhas, praias, dunas e morros do qual participaria, mas sobre o qual tinha apenas uma pálida e vaga idéia. 


Chegando lá uma primeira  notícia caiu-me como uma bomba: acordaríamos às 5:30 hs para estar no ponto de largada às 7:30 hs. É por isso que eu digo: esporte faz mal à saúde ! Deveria estar escrito no primeiro artigo da Declaração Universal dos Direitos do Homem: "Todo Homem Tem o Direito de Acordar Tarde". Ouçam o que eu digo: o número de homicídios e divórcios cairia vertiginosamente se as pessoas todas acordassem após as 9:00 hs. da manhã.
Deitei-me pensando nessa atrocidade...

Chegou, pois, a hora de acordar, se levantar, se vestir, tomar café da manhã, tudo isso num momento em que até as pedras ainda dormem e que todo ser humano deveria estar desfrutando do quinto sono. Ouço a 25ª conversa do dia sobre qual carro deveria pegar quem e quando e então partimos, todo mundo pro Lagoa Iate Clube, lugar da largada. De lá, cada carro saiu com seus atletas para seu primeiro posto de troca. Seria deixado lá o corredor que faria o percurso e apanhado aquele que acabou de correr.

Nosso carro tinha por motorista o Filipe que, além de ser gaúcho, não enxergava e não conhecia a ilha (desculpa aí Filipe rs). Aconteceu o óbvio: nos perdemos ! Fomos parar alguns quilômetros adiante do lugar certo. Ao retornar vimos um rapaz vestindo a camiseta verde limão do Mountain Do parado na calçada da Av. do Campeche. Filipe pára o carro e pergunta:
 - Vc sabe onde é o Posto 1 ?
 - Não.
 - Mas vc não é da organização da prova ? O que vc está fazendo aí ?
 - Eu aponto prá lá.

Poucas vezes vi uma resposta tão simples, direta, objetiva, precisa e profissional como aquela. Aplausos para esse rapaz. A gente por vezes imagina que para fazer um bom trabalho precisa ter elevado conhecimento técnico do assunto, ter iniciativa, propor novas abordagens, quebrar paradigmas, ter consciência social e ecológica, preocupar-se com o desenvolvimento sustentável, vencer desafios, mantendo porém o equilíbrio físico, psicológico e familiar, pensar a longo prazo, ter bom nível intelectual, ser uma pessoa fluente, viajada e culta, mas ao mesmo tempo humilde e agradável nos contatos, não esquecendo de cultivar um hobby interessante, estimar de cabeça a raiz quadrada dos números ímpares de zero a cinquenta até a quarta casa decimal e, nas horas vagas, calcular a órbita de cada uma das luas de Júpiter, sem nunca abrir mão da moral e da ética ao fazer cada umas destas coisas.
Na maioria das vezes, entretanto, tudo o que nos pedem e que precisamos realmente fazer é "apontar prá lá".

Após essa instrutiva experiência seguimos nosso caminho e chegamos ao Posto 1. Deixamos o Elvis que faria o Percurso 2, apanhamos o Brackmann que acabara de terminar o Percurso 1, e rumamos para a Praia Mole, onde eu esperaria a chegada do Kaiano (que faria o Percurso 3, logo depois do Elvis) para começar ao correr o Percurso 4.

Os minutos não passam enquanto se espera, todavia quando o momento chega tudo acontece muito rápido. Estava eu ali na zona de transição conversando com a Carol que faria o mesmo percurso pelo octeto feminino, quando vejo, quase por acaso, o Kaiano chegando. Nessa hora a gente não pensa em nada, fui lá agarrei o chip das mãos do Kaiano e saí correndo ladeira abaixo por breves segundo até que a minha alegria acabou: cheguei na Praia Mole... mole, muito mole. Não tente tracionar ali, senão afundará até os joelhos. Ao longo de seus longos 500 metros vencidos a passinhos curtos o tempo passa devagar e a mente devaneia... Naquele momento poderia fantasiar, imaginando ser um descendente de Filípedes, o soldado grego que correu da Planície de Maratona a Atenas, levando a notícia da vitória dos gregos sobre os persas. Pensava, contudo, em algo muito menos glamuroso... 


Assim como a função do rapaz estacionado na Av. do Campeche era "apontar prá lá", minha função específica era entregar o chip ao Paulo Fonseca, que ansiosamente me aguardava no Posto 4 para tomar posse do precioso objeto plástico quadrado e alaranjado. Carregar o chip até o próximo posto! Sim, agora tudo estava claro, para isso estava ali aquela multidão, distribuída em duplas, quartetos e octetos, subindo dunas, amassando areia, pisando na água, descendo morros, chutando pedras. Para quem ali está, entregar o chip é uma missão tão nobre quanto foi a de Filípedes rumo a Atenas ou não muito diferente da missão de descobrir a América, chegar à Lua, cruzar a pé a Antártida ou seguir a expedição de Marco Polo à China.

Vencida a Praia Mole, começo a correr por uma trilha ascendente e descubro que, para meus pulmões, um "leve aclive" é muito diferente de aclive nenhum. Cruzo a Galheta (o primeiro posto de hidratação \o/) e logo depois começa a verdadeira subida, o Morro da Galheta. No início até que tentei correr, mas sempre era interrompido por um canto gregoriano e pela visão de um túnel de luz de onde saíam anjos com vestes brancas me convidando a entrar. Percebi o melhor mesmo era diminuir o ritmo e passar apenas andar até que o topo do morro fosse vencido. Enquanto isso alguns anormais passavam correndo ladeira acima e ainda gritavam para que pessoas nascidas neste planeta saíssem da frente. Nunca a minha vontade de passar a rasteira em alguém foi tão forte. A partir de certo ponto da subida apenas tentei chegar lá em cima inteiro e respirando. Achei melhor chegar com uma respiração menos ofegante e com a cabeça em ordem, pois isso me ajudaria na descida.

A descida foi desabada, rápida e eu nem pensava em frear. Não me lembro de alguém que tenha passado por mim nesse trecho, entre outras coisas porque os corredores inocentemente seguiam a trilha em ziguezague, enquanto a mim me pareceu muito mais rápido cortar caminho pelo meio do capim quando isso era possível.

Chegando lá embaixo mais uns 600 metros de praia (argh! me coloque prá subir quatro morros, mas não me faça correr na praia) e me aproximo do tão esperado Posto de Troca 4, com as pernas tremendo, mas naturalmente sem perder a pose e a oportunidade de gritar "MUIIIITOOOO FÁÁÁÁCIIIIILL". Passo o venerável chip ao Paulo Fonseca. MISSÃO CUMPRIDA ! Já posso desabar na grama. Morreria feliz naquele momento.

Cinco minutos e 4.000 respirações mais tarde sigo com meu carona prá pousada, tomo um banho, durmo meia hora, levanto e sigo para o Lagoa Iate Clube novamente, onde terminaria a corrida. O restante do octeto vai se juntando para aguardar o Fernando, que estava a correr o último trecho. Ele chega e vencemos juntos - Sergio, Elvis, Kaiano, Paulo Fabro, Paulo Fonseca, Filipe, Cleyton e Fernando - as últimas dezenas de metros. Em outros tempos ou outro lugar seria um grupamento de caçadores a voltar da savana trazendo a caça que alimentará toda a tribo, mas hoje apenas escolta o tesouro em forma plástica, o adorável chip alaranjado cujo transporte foi objeto de nossas vidas durante todo aquele dia. 

O Mountain Do é Animal !!!!
hehehe

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Repaginada

Estou liderando um processo de repaginação da minha bicicleta antiga. Tá ficando uma tetéia !!! Veja:
Em janeiro comprei uma nova, mas nem sombra de intenção houve em meu pensamento passar prá frente a antiga. Temos muita história juntos, sabe. Com ela passei por dois casamentos, três cidades e oito endereços residenciais. Ao lado dela assisti a quatro Copas do Mundo e vi o Corinthians conquistar três Campeonatos Brasileiros, três Copas do Brasil e um glorioso Título Mundial Interclubes. Terminei um curso universitário e troquei de emprego, e juntos sobrevivemos ao 11 de Setembro e à crise de 2008. Não será um simples bike nova de tubos oversize com amortecedores e freio hidráulico que irá tirar o seu lugar em meu coração.

Ela também tá ficando muito mais leve, o que não é comum no mundo feminino, seja entre mulheres ou bibicletas. Coloquei pneus lisos e finos e um guidão de down hill (uma década e meia se passou e uma posição tão baixa já não me é indicada), tirei o câmbio dianteiro, troquei os pedais e freios. Ainda serão trocadas as manetes de câmbio (será necessária apenas a manete direita já que não há mais câmbio dianteiro) e manetes de freio e restará uma só coroa. Talvez troque o selin por um mais fino, pro visual ficar ainda mais slim.
Naturalmente, creio que poucos são leitores a entender esse amontoado de nomes de equipamentos e procedimentos, mas eu vou falando assim mesmo.

Amanhã pego a bike nova que ficou numa bicicletaria para revisão de retorno de um roteiro que fiz no feriado (Pedal na Ilhas do Lagamar, recomendo !!!). 
Como se comportará ela vendo a bike antiga repaginada ??
Ficará carente ???
Rolará ciúmes ???
Haverá risco de violência ???
Haverá necessidade de passar corrente e cadeado nas duas, a fim mantê-las longe uma da outra, evitando eventual beligerância na garagem que, por certo, atentará contra as normas condominiais ???

E a bicicleta antiga... Antiga não: CLÁSSICA !!!
Com toda essa transformação, pode rolar uma parada sinistra, uma cycle-crise de identidade. No silêncio da noite, estará ela a se perguntar: 

"Quem sou eu??
Ele não me ama como de fato sou?
Fui submetida a essa plástica de gosto duvidoso e já nem me reconheço no espelho! Aros grossos para pneus tão finos, o que é isso? E meu pedivela não combina com esses pedais... Eu, uma mountain bike de origem, agora estou virada nesse misto de híbrida com courier, uma perua piriguete, oh céus !!!
Nós éramos felizes, passamos tantas coisas juntos, boas e ruins... Por que ele não me quer mais como sou? Aposto que foi influência desse carro aí, que antes pertenceu àquelazinha, a Danielle Deisirèe ???"

Casar ou comprar uma bicicleta ???
Já não me parece tão diferente... rs
 

terça-feira, 12 de abril de 2011

Mudou o modelo

Algumas pessoas disléxicas andaram reclamando que o fundo quadriculado dificultava a leitura. Tá bom, tá bom. Mudei o fundo !!
Melhorou ??

terça-feira, 29 de março de 2011

Balanço Geral

Acabaram-se as férias sniff sniff
De volta ao trabalho ou, pelo menos, à mesa de trabalho (que meu chefe não me ouça rsrs)
Vamos a um pequeno balanço da viagem:

a) o Buscicle Turismo revelou-se um bom modo de viajar de (ou com) bicicleta quando se tem menos tempo e pernas do que o desejado; com essa estratégia pudemos aproveitar quase tudo de bom que havia pelo caminho, pedalando nas estradas e em roteiros próximos às cidades.

b) pontos altos do roteiro:
- estrada de Bariloche a Villa La Angostura, com constantes mudanças de cenário; só o vento não mudava; boa opção prá quem quer testar sua forma física
- Parque Nacional Los Arrayanes (se pronuncia arrrrrrajjjjjjanes), em Villa La Angostura
- a lan house de San Martin de Los Andes
- a jujuba argentina
- a subida ao Vulcão Villarrica, em Pucón
- a estrada de Puerto Octay a Puerto Montt, é linda mesmo com chuva
- a comida do Chile

c) as companhias aéreas deveriam ser mais claras em relação ao modo de transportar bicicletas, pq na prática o que está valendo é a opinião do funcionário do check in; embora não me tenham permitido, continuo achando que a melhor maneira de transportá-las é sem embalagem alguma.

d) emagreci uns quilinhos, perdi a pochete lateral e estou com bunda dura; quem quiser emagrecer mesmo comendo umas 5.000 calorias por dia já sabe: é só pedalar o dia todo.

e) as distâncias percorridas foram as seguintes:
    -  de bicicleta: 459 km
    -  de ônibus:   645 km
    -  de avião: uns 7.000 km

Com base nestes dados, acredito, ser prudente, por ora, não dispensar o uso de motores nos veículos de transporte.

sexta-feira, 25 de março de 2011

quarta-feira, 23 de março de 2011

Puerto Octay a Puerto Varas


Hj promete !!!
Ou... prometia....
Prometia ser o trecho plasticamente mais bonito da viagem, pedalaríamos às margens do Lago LLanquihue, tendo o Vulcão Osorno no horizonte.
Entretanto nosso horizonte estava mais próximo, bem ali na cortina de água da chuva fina que nos acompanhou o dia todo.
Vulcão, céu azul, nuvens parecendo flocos de algodão... só se for em fotografia.

Uma das principais atividades desta região é a produção de leite em sítios de descendentes de alemães. Os campos parecem jardins.

E além disso... subida e descida, subida e descida, subida e descida, umas quatro dessas combinações a cada quilômetro. E resolvemos fazer o caminho mais comprido tão divertido que estava a montanha russa.

A pedalada, enfim, foi muito tranquila. Mesmo com chuva, o visual das fazendas é incrível. E a nossa forma física está cada vez melhor. Bem agora que a viagem vai acabar... sniff sniff

No final da tarde chegamos em Puerto Varas. E aqui é fim de linha. Daqui vamos pro aeroporto e de lá prá casa. Home sweat home.

Pedalada de hj: 65 km ...a última :(

terça-feira, 22 de março de 2011

Osorno a Puerto Octay

Hj foi dia de acordar cedo !!! Ganha um doce quem adivinhar porquê: prá tomar um ônibus! Prometo: será último. E como último, naturalmente, foi especial. Foi um ônibus daqueles grandes, double deck, de "doble piso" como se diz por aqui. Um ônibus mais alto, mais espaçoso, mais confortável e... com um bagageiro menor...
Oh céus !!! Não haverá dia sem uma fonte de stress onipresente ???

Encosta o ônibus. "Al tiro" encostamos nele, numa estratégia tipo assim "as bikes primeiro e depois o resto, se couber". Notamos, porém, com certo desconforto na alma, uns rapazes jovens e bem dispostos a trazer um mega carrinho com pacotes, embrulhos e caixas: eram as encomendas. Não foi necessária grande astúcia para logo concluir que, sendo as encomendas pagantes e vivendo nós sob um sistema capitalista, teriam elas prioridade no embarque em relação às bagagens portadas pelos passageiros.

Com uma manobra prá lá de profissional os guris nos driblaram e apareceram adiante, ali onde se abria uma outra quase invisível porta para o bagageiro. Num minuto colocaram tudo lá dentro.

Agora sim !!! Ferrou !!! O espaço disponível já não era grande e ficou menor.

Então pudemos perceber que o bagageiro de um ônibus, mesmo quando pequeno, é muito grande. Tiramos as rodas dianteiras das bicicletas e orientamos o rapaz que estava lá dentro prá colocá-las em pé. Outras malas gentilmente calçariam as máquinas para que não escorregassem no percurso.

Tudo feito, parte o busum para Osorno, onde chegamos inacreditáveis 4 horas depois, considerando que a distância era de pouco mais de 200 km.

Em Osorno descubro que a roda dianteira da bicicleta da Alice, meio mal consertada em Bariloche, que à época estava assemelhada ao número oito, retomava suas tendências sinuosas, aparentando-se agora a um "S". Lá vou eu com minha chave de raios dar um jeito nisso, olhando para o céu que ameaçava chover, o que realmente aconteceu logo depois.

De lá pedalamos até Puerto Octay, já na margem do Lago Llanquihue. Pela primeira vez pudemos desfrutar de um vento semi a favor e de paradas e mais paradas prá comer amora. Aqui é assim: há amoreiras por todo canto. Dilícia !!!

Pedalar nessa estrada foi bem fácil, mesmo com o vento mudando para lateral de vez em quando. Na maior parte do trajeto há longas retas, com aclives ou declives suaves. Às 17:00 hs, três horas e meia depois de deixarmos Osorno, chegamos a Puerto Octay.

Amanhã promete: Puerto Octay a Puerto Varas, seguindo pela margem do lago.

Onibuzada de hj: 235 km
Pedalada de hj: 55 km

segunda-feira, 21 de março de 2011

Pucón a Villarrica

Depois da heróica subida do Vulcâo Villarica, ontem, hj voltamos para estrada com toda a bagagem para pedalar... 25 km...
Noooosssaaaa !!!!
Mas foi com chuva, gente !!!! Muita chuva !!! Dois perìodos de cinco minutos, mais ou menos !!! rsrs
Digamos que serviu de teste prá eu saber se os alforges são mesmo impermeáveis. E eles passaram no teste. Com louvor. Quando voltar prà casa escreverei um post comentando a qualidade dos germânicos alforges Ortlieb, afamados como os melhores do mundo.
E pq pedalamos tão pouco ??? Eu pergunto e eu mesmo respondo: pq vamos tomar um ônibus amanhã para Osorno.

O Buscicle Turismo é mesmo muito confortável. Faltou tempo, deu preguiça, tem muita subida, estradas de terra, dúvidas sobre alojamento no caminho, a proposta gastronômica do trajeto não agrada, expectativa de frente fria atravessando a Bolívia, transmissao de jogo da seleçao brasileira sub-17 em horário incompatível com a pedalada, qualquer destas coisas ou ainda outras, coloque a bicicleta num ônibus e bola prá frente.

Devemos considerar que numa viagem de duas semanas, acaba faltando tempo. Parque Los Arrayanes, roteiros de bike próximos a San Martin, subida ao Vulcão Villarrica. É tudo bom demais prá ser perdido. Só que isso consome tempo....
E para reduzir os atrasos, contamos sempre com nosso amigo ônibus. Que não raro, também atrasa rsrs

Pedalada de hj: 28 km
Onibuzada de hj: ZERO !!! (que progresso !!!!)

domingo, 20 de março de 2011

Vulcán LLaima

Vulcão LLaima ao amanhecer visto da base do Vulcão Villarrica.

Vulcán Villarrica

Hj não pedalamos nada, mas foi por um bom motivo: subimos o Vulcão Villarrica, que fica aqui ao lado de Pucón.

Chegamos na base da montanha com o dia ainda escuro e enquanto subíamos levantava-se no horizonte o Sol, fonte de luz e calor para todo o nosso sistema planetário, vagarosamente fazendo projetar sobre as nuvens abaixo uma comprida  sombra  triangular originada do cone do vulcâo.

[suspiros]
Fala sério, isso foi muito poético. Como uma rapaz assim ainda está solteiro???? rsrs

A van nos deixou a 1.400 m de altura e para chegar aos 2.840 m do cume contaríamos com nossas pernas e um piolet.

O vulcão é ativo e sai fumacinha de sua cratera o tempo todo.
Subimos, subimos, subimos até chegar lá em cima cinco horas depois, sentindo o calor do ventre da Mãe Terra, além de um cheiro de enxofre que nos faria lembrar que o demômio também tem aqui seus representantes.
E descemos com skibunda uma boa parte do tempo. Se vc, amigo ouvinte, acha que descer umas dunas em Natal com skibunda é máximo da emoção, saiba que isso é programa prá terceira idade.

Emocão é descer uns 500 metros de altura em neve, com recomendacões do guia sobre técnicas de reduzir a velocidade na descida, recomendacões estas, desnecessário dizer, solemente ignoradas.

Pedalada de hj: zero
Onibuzada de hj: zero
Caminhada de hj: 1.400 metros de altura, com direito a visitar uma cratera de vulcão aberta e descer de skibunda na neve.


sábado, 19 de março de 2011

Pucón

UAAUUUU !!!! Que sono !!! Acordar às 5:00 hs da manhâ faz mal à saúde.
Mas, por um detalhe, valeu a pena. Quando amanhecia passamos pelo Vulcão Lanín. Espetáculo !!!!

Chegando em Pucón arrumamos uma cabaña prá ficar e fomos pedalar. Buscamos sugestões de roteiro numa loja que alugava bicicletas e na oficina de informacão turística e todos nos disseram que deveríamos ir a "Ojos de Caburga", que eram um lugar "belísimo", "muy hermoso", etc.

Céus !!! Nâo sei como consegui viver até hj sem conhecer este lugar paradisíaco. Se um dia vc vier a Pucón, coloque no seu roteiro e  acresente cinco estrelas vermelhas ao lado. Tá certo que vou perder um amigo por causa dessa sugestão, mas tenho o dever de passá-la adiante rsrs
Bem, o lugar tem um rio e algumas quedas de água. E só! As atracões acabam por aí. Não deixe de perder...

A estrada, em compensacão, foi muito interessante, pois seguia ao lado de um rio. E do outro lado estava o Vulcão Villarrica, ativo, soltando fumacinha.
E tinha muitas subidas, fiquem sabendo. A forma física melhora a cada dia. Nem pisco mais qdo vejo uma subida.

Onibuzada de hj: 180 km
Pedalada de hj: 31 km

sexta-feira, 18 de março de 2011

Buscicle Turismo

Fundamentos do Buscicle Turismo:

1) faltou perna, recorra ao amigo ônibus, afinal somos seres pós-revolucâo industrial

2) certifique-se que o ônibus leva sua bike, pq os ônibus sem porta-malas ou com porta-malas pequeno nâo a levará.

3) se permitirem, entre no bagageiro e coloque vc mesmo a bicicleta lá; e a coloque em pé, amarrada na coluna do bagageiro!!!

4) use sua bike para fazer roteiros nas redondezas de onde vc está, afinal se viaja com a bicicleta é pq gosta de pedalar.

O buscicle turismo tem se demonstrado uma prática bastante interessante, pq tanto aqui em San Martin como em La Angostura soubemos de bons roteiros prá fazer, mas se resolvessemos viajar somente de bicicleta nâo teríamos tempo prá aproveitá-los.

Hj pedalamos até o Lago Lolog. Grande e lindo lago.
No percurso de ida fomos por uma estrada movimentada e poeirenta. No retorno, porém, viemos por uma estradinha estreita e sinuosa que um argentino simpático (sim !!!! eles existem !!!!) que estava pedalando por aquelas bandas nos indicou.

Amanhâ é dia de acordar muito cedo. Às 6:00 hs da manhâ  (e o dia só amanhece âs 8:00 hs...) vamos para Pucón, no Chile. Adivinha de que jeito: ônibus, claro !!!
hehe
Pedalada de hj: 47 km

quinta-feira, 17 de março de 2011

Villa La Angostura - San Martín de Los Andes

Hj fizemos o percurso de Villa La Angostura a San Martín de Los Andes, 108 km, em apenas duas horas e meio. Uau !!!!

Isso aconteceu por um motivo bem simples: viemos  de ônibus !!! Houve apenas, digamos, uma quase imperceptível mudança de preposição: deixamos de viajar de bicicleta para viajar com bicicleta. Ainda é uma cicloviagem, ninguém pode dizer o contrário hehe

Alguns fatores para esta sutil mudança:

a) descobri que 400 metros de desnivel em estrada de terra (era isso que teríamos duas vezes no caminho) requer um esforço além das energias disponíveis.
E aí lembrei da música inspiradora do Raul:
"Eu nâo sou besta prá tirar onda de herói, sou vacinado..."

b) ontem começou da chover lá pelas quatro da tarde e assim foi a noite toda. Imagine como estaria a estrada de terra. E ela está em obras...

c) informações afiramtivas a respeito de alojamentos improvisados e possível falta de comida no caminho.

d) uma súbita compreensão de que há mais de 20 anos não tenho mais 18 anos.

Chegando em San Martín, montamos os alforges nas bicicletas e desfilamos triunfalmente pelas ruas do pacato lugar recebendo apupos e aplausos  de impressionados pedestres e transeuntes que creem, pois assim enxergam seus olhos, estarmos viajando de Ushuaia ao Alasca apoiados sobre selin e pedais, sem que haja um único fio despenteado de nossos cabelos.
Imagem é tudo, amigo ouvinte !!!

Ainda houve tempo para uma grande volta na cidade e para subirmos uma trilha muito estranha em direção a um tal de Mirador Bandurrías. Uns 200 metros de desnível. Percurso de subida: 11 km; percurso de descida: 2 km. E nos disseram que era possìvel "bajar en bicicleta"

Novamente detalhes a respeito de preposições. É possivel descer da bicicleta e ir segurando-a pirambeira abaixo, enquanto reza prá não tropeçar e rolar pelo barranco. Meu conhecimento da língua espanhola ainda não capta estas sutilezas.

Pedalada de hj: 31 km
Onibuzada de hj: 108 km

quarta-feira, 16 de março de 2011

Parque Nacional Los Arrayanes

Ontem comi muito. Pensa num muito mais do que bastante. Omelete, truta e salada, tudo em quantidade. E uma garrafa de Pepsi de 1,5 litro divida em  duas pessoas. Não me lembro de ter comido tanto assim na última década. A pedalada de ontem foi dureza, estava realmente com fome.

Villa La Angostura é pequenininha e muito simpática e, resolvemos ficar aqui mais um dia, prá tirar mais informaçoes da Ruta de Los Siete Lagos, que nos levará a San Martin de Los Andes.

A estas alturas o schedule já está todo comprometido, pq temos apenas semanas de férias e já houve um dia de atraso em Bariloche e outro agora. Assim é que é:  planejamento inicial só serve mesmo prá gente se ocupar antecipadamente de um assunto quando não consegue pensar em outra coisa. Mas no final fazemos tudo diferente.

Ficando aqui eis porém que de repente olho no mapinha da cidade e vejo uma lingua de terra que avança para o lago, com uma trillha de 12 km que atravessa a península. É o Parque Nacional Los Arrayanes (se pronuncia "arrrrrajjjanes"). A princípio imaginei que a trilha fosse para caminhada, mas na entrada do parque descubro que também se pode pedalar por ela, desde que houvesse disposição para carregar a bike escadaria acima no primeiro quilômetro.


E assim fomos. A trilha é ótima, sob as árvores em todo o caminho, sendo mais estreita e com maior número de obstáculos tipo pedras, raízes e troncos de árvores no final. E chegando lá... tem que voltar tudo pelo mesmo caminho. Onde antes desceu, agora sube. E vice-versa.

Os arrayanes são estas árvores de tronco alaranjada que o tio da nossa cabanã definiu como "um arbusto crescido". Boa parte das casas de Villa La Angostura é construída com a madeira desta árvore. Fica muito bonito.

Pedalada de hj: 35 km

terça-feira, 15 de março de 2011

A comprida estrada de Bariloche a Villa La Angostura


É hoje que começa !!!
Prá ser mais exato, já começou faz tempo. Uma viagem começa muito tempo antes do deslocamento espacial, num tempo que apenas fazemos planos e imaginamos. Convenhamos porém, isso de nada adianta antes de se cumprir o primeiro objetivo que é partir. Este risco não corremos mais...

Acordamos cedo, carregamos tudo, checamos os últimos detalhes e às 9:15 hs partimos em direção à Villa La Angostura, 82 km adiante.


Primeiro pedalamos pela lendária e famosíssima Ruta 40. Se vc nunca ouvir falar dela, não se preocupe. Pouca gente ouviu. Mesmo assim ela é mundialmente famosa sobretudo para quem mora às suas margens. Alguns afirmam inclusive que a Route 66, em território norte-americano, foi inspirada na Ruta 40 argentina. Isso se torna naturalmente evidente  ao multiplicarmos 40 pela constante de Fibonacci, o chamado "número áureo", obtendo 64,72 que é quase igual a 66...  Certo ???

Deixemos, porém, essa conversa de ouro prá lá, pq nosso dia não foi nada régio.

Deixando a Ruta 40, viramos à esquerda, iniciando o trajeto na Ruta 231, e... pegamos um vento de frente que nos acompanharia por 62 longos quilômetros. Em todo este percurso pedalamos com força, inclusive nas decidas.
Subidas não são nada (bem... às vezes são sim) se comparadas ao vento constante e forte no nariz. Subida passa... mas o vento tá ali o tempo todo, sem descanso. Ô vontade de xingar !!! Até uns 20 km antes de Villa La Angostura tava duro, mas tudo bem. Então veio uma subida interminável. Não desejaria subida com vento ao meu pior inimigo.

Acabaram os sanduichinhos. A água acabou. Os carbo-hidratos do sangue acabaram. A paciência acabou. Só a subida não acabava.

E algum burocrata do governo metido a esperto deve ter baixado uma portaria qquer proibindo restaurantes e cafeterias dentro do parque Nahuel Huapi. Tá certo, a falta de água foi bobeira, pq deixamos que ela terminasse e não reabastecemos em nenhum dos rios pelo caminho. Só fomos encontrar água novamente num riachinho quase chegando na cidade. Mas os burocratas do governo têm que prever que alguém pode se esquecer dessas coisas, uai.

Que alegria foi essa chegada !!! Vc realmente não pode imaginar.
Pelo resto da minha vida vou encarar a avenida central de Villa La Angostura como o portal de entrada do paraíso na Terra !!!

Pedalada de hj: 85 km (mas pareceram 400...)

segunda-feira, 14 de março de 2011

Um dia de descanso antes mesmo de cansar

Pois bem, hj seria o dia de ir prá estrada com tudo carregado sobre as bicicletas e tomar o rumo de Villa La Angostura, mas tivemos um pequeno porém. Ou melhor, dois entretantos...

O primeiro deles é um mistério mais difícil de solucionar que a quadratura do círculo: como pode uma mulher descer escadas com um salto de 15 polegadas de altura, mas não consegue ela desencaixar adequadamente a sapatilha do pedal quando isso se faz necessário ???

Explico melhor: ontem a Alice teve uma queda - com a bicicleta parada, por sorte - pq não retirou o pé do clip do pedal a tempo e machucou o braço. Justiça seja feita: aquele pedal ou sapatilha, ou ambos, andam instáveis nos últimos tempos e ora desencaixam, ora não. Dessa vez foi a hora do "não". 

Como o braço passou o dia de ontem meio dolorido, lá fomos nós procurar um médico, tirar radiografias e por fim ouvir uma mensagem para alívio de nossos ouvidos: "Fue sólo um golpe, no más".

O segundo mistério acompanha o primeiro: após ouvir isso, o braço simplesmente parou de doer !!! E analgésicos e antiinflamatórios receitados deixaram de ser necessários... rsrs

Resolvido isso, passamos a buscar uma bicicletaria que deixasse a roda dianteira recém entortada e depois meio arrumada em formato de um círculo perfeito. Os argentinos, contudo,  com seu jeito gaúcho de ser não nos deram muita atenção, até que encontramos uma bicicletaria ao menos aceitou receber a bicicleta em seu estabelecimento (deveria dizer aposentos, tal parece ser a reserva com que os clientes são recebidos) . Quando voltamos, contudo, a bike estava do mesmo jeito. Mexeram nela às pressas e o único resultado visível foi um dano no sensor do velocímetro.

Tem que ter paciência...

domingo, 13 de março de 2011

Rodadas

Dormidos e acordados, fomos tratar do que interessa: rodar !

E para isso, first of all, remontamos as partes desmontadas (que não eram muitas) e fizemos aquele check up básico geral das máquinas. Com a minha tava tudo bem, mas seria necessário um ajuste na roda diateira da bicicleta da Alice para que ele ficasse menos parecida com o número oito. O anjociclo da guarda me alumiou sobre a forma como se usa uma chave de raio e os princípios gerais da física que regem as leis das rodas raiadas.

Prá fazer isso, a cabeça deve funcionar meio ao contrário, pq normalmente se gira parafuros nos sentido horário para apertá-los, porém no caso dos raios giramos as porcas (a cabeça do raio seria o parafuso) e por isso temos que girá-las no sentido anti-horário para apertar os raios. Além do mais, os raios sustentam as rodas por tensão... se quisermos desentortar um torto à esquerda, por exemplo, temos que apertar o raio do lado direito. Entendeu ??? A Alice aqui do lado me diz que nem ela entendeu...

Pois considere que se eu, com toda a habilidade manual que sempre me faltou, consegui desentronchar a roda, é pq tive a inestimável ajuda do benfeitor anjociclo da guarda.

Por vias das dúvidas, saímos prá tentar encontrar uma bicicletaria que aprovasse ou melhorasse meu trabalho. Mas hj é domingo, pé de cachimbo... nem em sonho haveria uma bicicletaria aberta.

Então saímos meio que assim assim com o fim de testar as bicicletas e terminamos por rodar 70 km (Llao Llao e Circuito Chico). Se tivesse imaginado que seria isso tudo, não teria coragem !!

E... com isso, consideramos o trabalho da roda dianteira está aprovado.

Pedalada de hj: 72 km

sábado, 12 de março de 2011

Em Bariloche


Chegamos !!!
E as bicicletas estâo (aparentemente) inteiras. No despacho da minha, aliás, tive uma rusga com a mocinha do check in, pq ela não quis despachá-la sem  embalagem alguma. Mas vejam o que diz o site da TAM:

"Bicicletas
Serão aceitas normalmente como bagagem despachada com os pneus vazios, pedais removidos e guidão alinhado."

Como vc entende esta frase ??
Eu entendo que a bicicleta pode ser despachada como veio ao mundo. A mocinha, porém, disse que "subentende-se que devem vir embaladas". Vá ser boa em subentendimento assim em outro planeta.
Pois bem, o meu irmâo que foi me levar ao aeroporto saiu lá com a bike prá embalá-la em plástico bolha num daqueles serviços "protect bag" e cinco minutos depois ela voltava um tanto estranha. Os humanos contemporâneos parecem estar acometidos por uma espécie de polimerofilia  e, por isso, imaginam que o plástico é feito de aço (ou melhor, de adamantio, aquele material usado para fazer as garras do Wolverine), capaz de resistir a todos os choques conhecidos pela Física.

Pois bem, voltando às bicicletas, a minha chegou inteirinha, o que demostra que o plástico é mesmo feito de aço !!! rsrs
Já a bike da Alice chegou com a roda dianteira torta, com dois raios bastante afetados. Ela despachou a bicicleta semi-desmontada e embalada numa caixa de papelão. No desembarque em Bariloche vimos a caixa embaixo de TODAS as outras malas. Como todos sabem, apenas o plástico é feito de aço, não o papelão, e considerando as condições em que vimos a caixa no desembarque, uma roda torta foi o menor dos males. Essa bicicleta deve ter um excelente anjocliclo da guarda.

Portanto, as primeiras duas fases da viagem, partir e chegar, já foram concluídas. E já podemos anotar 3.000 km na nossa cicloviagem. rsrs

A Partida

Tá na hora, chegou o tempo dessa viagem começar.
Bye bye romarias em lojas e oficinas, é o momento de colocar o pé na estrada, ou melhor, as rodas.

Acabei de arrumar os alforges e, veja que coisa boa, sobrou espaço. Peso: 15 kg !!! Dentro do previsto, esperado e desejado. Afinal é prá isso que serviram as romarias e os amontoados de detalhes que só se conectam visivelmetne quando se afivelam os fechos.

Vou levar a bike montada mesmo, só tirei os pedais e alinhei o guidão e o prendi no quadro com velcro. E vai assim, sem proteção nenhuma e assim ela passará por quatro aeroportos: Curitiba, Porto Alegre, Buenos Aires e Bariloche. Cruzemos os dedos... Entregar a bicicleta assim no check in é um momento tenso.

Mas tempo maior não me resta. É hora de ninar pq amanhã cedo começa nova romaria, esta pelos assépticos saguões de aeroporto e cabines de avião.
Para este post não ficar muito vazio, segue a lista analítica da bagagem:


Bolsa de guidão:
carteira e documentos
máquina fotográfica
óculos de sol + óculos de grau

Alforge Um
4 camisetas de tecido sintético e uma de algodão
3 meias de tecido sintético e uma de algodão
4 cuecas
2 bermudas de pedalar
1 calção
1 calça de lycra e outra de nylon forrada
saco de dormir
toalha
3 câmaras de ar
sapatilha de pedalar
bomba

Alforge Dois
gorro
luvas
2 segundas-peles
jaqueta
impermeável
panos para limpeza
plasticos, elásticos, velcro, barbante, 2 cabos extensores
toalha
chilnelos
necessaire com shampoo, creme de barbear, creme dental, escova, essas coisas
farol
canivete
apito
lanterna traseira
carregador de celular e bateria
 
No corpo:
camiseta, calça jeans, blusa de fleece e tênis

Ferramentas:
chave de boca
chave philips
jogo de chaves allen
alicate pequeno
chave de raios
extrator de corrente
óleo fino e óleo grosso

terça-feira, 1 de março de 2011

A aventura está em casa

"Ai, ai, aaaiiii, está chegando a hora..."

Tá chegando a hora... faltam onze dias para o embarque e a minha lista de coisas prá comprar e fazer só faz crescer. Para cada item que consigo riscar, aparecem outros dois.

Não vejo a hora de viajar, só prá não ter que pensar mais no que falta. Acho que vou mudar meu estilo de planejamento: o que fiz, fiz; o que falta fazer, farei em Bariloche. Ou depois... quando puder ou estiver fazendo falta. Muito melhor !!

Viagem dá trabalho. E viagem de bicicleta dá um pouco mais. Se alguém imagina que pedalar pelo mundo afora com o vento no rosto é a suprema definição de liberdade, digo que pode até ser, mas antes haverá um longo caminho de pequenas escravidões em seu dia-a-dia.

Após o surto de prosperidade no Brasil, tá todo mundo viajando tanto que muito em breve o chic será ficar em casa. Eu vejo o futuro !!!! E nele não haverá agências de viagem. Haverá sim agências de ficagem: ensinarão vc a ficar em casa, fazer um tour pelos cômodos e vizinhanças, conhecer seu lar e seu habitat. Chega de estradas e aviões lotados, filas em pedágios e saguões de aeroporto com chamadas e mais chamadas para vôos buzinadas em nossos ouvidos. A viagem do futuro será em sua própria casa, a futucar cada detalhe que o ajude a compreender esse universo tão próximo e desconhecido, o trabalho de um arqueólogo do presente.

Uma vez, voltando de férias um tanto tumultuadas, deixei minha casa e fiquei uns dias num hotel, aqui em Curitiba mesmo, só prá me sentir em férias. Que pessoa arcaica sou eu.
Conhecem o slogan do filme Up - Altas Aventuras ?
"A aventura está lá fora !!!"
Assim o foi, mas assim não mais o será! A grande aventura do futuro, quando já não restar nenhum mistério num mundo envolvido pela tecnologia, segurança e previsibilidade, será ficar em casa e ver o tempo passar devagar, pois quando, por algum motivo, se tem que assistir "Vale a Pena Ver de Novo" e "Sessão da Tarde" no mesmo dia, o tempo parece mesmo não passar.

Trinta dias de férias (ou... se os hábitos de magistrados, membros do ministério público e outras carreiras jurídicas espalharem-se na sociedade, serão sessenta dias de férias, acrescidos de recessos, feriados e pontos facultativos a perder de vista)... em casa !!! 
Haverá algumas regras, como permitir somente o uso de roupas e objetos pessoais qeu couberem num mala e pesarem em seu conjunto, no máximo, 23 kg. Também haverá a obrigação de lavar a própria roupa na pia do banheiro, isso tudo prá criar uma atmosfera de viagem. 

Os cometários no retorno das férias serão mais ou menos assim:

"Amiga, que coisa fantástica foram minhas férias, fiquei em casa, limpando cada cantinho, tirando matinho do canteiro de flores da sacada e marcas de tinta dos azulejos, forrei as gavetas com papel de presente, encapei os cadernos das crianças, até pintei uns vasos, resolvi com um calço de papelão o problema da mesa da cozinha que estava manca e aprendi a mexer na furadeira. Só trocar a broca é que eu ainda não consigo.

Passei a apreciar as novelas mexicanas. Na minha opinião são um clássico da teledramaturgia.

E cozinhar... Me-ni-naaaa, que coisa incrível !!! A experiência manusear os alimentos e de comer a comida que eu mesma preparei é indescritível, não cabe em palavras, é maravilhoso, vc tem que viver essa sensação prá saber como é. Agora eu me sinto muito mais feminina.
Tirei fotos de cada etapa da preparação dos alimentos e também dos pratos já prontos. Até emoldurei uma das fotos e coloquei no living, pq fiquei muito orgulhosa do resultado.

Ah! Nunca imaginei que a pipoca pudesse ser feita fora do microondas. Foi uma revelação prá mim.

E a agência de ficagem foi ótima, eles providenciaram toda a logística e o meu guia me apoiou muito em todo esse caminho de descobertas. Ele me acompanhava até no supermercado, ficávamos horas entre aquelas prateleiras coloridas conversando sobre as possibilidades de cada produto. Eu fui com bobs enrolados no cabelo prá me sentir mais como uma dona de casa das antigas, sabe."