segunda-feira, 14 de abril de 2008

Nepal

11 de abril de 2008, Aeroporto de Guarulhos, encontro com outras 18 pessoas que vão ao Nepal, trilhar um dos populares roteiros de caminhada do Himalaia, na área do maciço do Annapurna.

Pra começar, achei meio doideira da agência (Venturas e Aventuras) levar num só grupo­ pessoas com condições físicas e experiências prévias um tanto indefinidas. Tínhamos ao nosso lado, porém, um grande trunfo: João Ricardo, o Jota, “o cara”, a lenda viva do ecoturismo nacional.


Depois soubemos (ou melhor, intuímos) que éramos uma espécie de grupo-cobaia. O Nepal era um Estado Monárquico Absolutista até a década de 1990, quando foram iniciadas as reformas democráticas. A transição já não estava muito fácil e tudo ficou pior quando, em junho de 2001, o Príncipe Dipendra, herdeiro do trono, matou a família toda e suicidou-se. Resumindo a história, ele queria casar com uma moça, não o deixaram e ele, muito macho e embriagado, atirou em todo mundo durante um jantar de família. Um tio de “El Matadar” assumiu o trono. Os maoístas que perambulavam por lá há décadas começaram uma guerrilha que tornou o turismo um tanto arriscado.




Para resolver o problema foi promulgada, em 2007, uma Constituição Provisória e convocadas eleições para uma Assembléia Constituinte. Chegamos, inclusive, no dia desta eleição (13/04/2008). Os maoístas elegeram 2/3 dos representantes da constituinte e este foi o fim da monarquia no Nepal.

Pois bem, agora os turistas poderiam voltar ao país pacificado e a Venturas, afastada de lá por seis anos, levava seu primeiro grupo. E que re-estréia: 19 pessoas!

O grupo é formado por Jota, Toni, Fernando, Fernanda “Frida” Bello, Fernanda Finatti, Denise, Paulo Costa, Ludmila “Poliana”, Roberto “Papa-Léguas”, Sabino, Rafael, Claudia, Cris “Japa”, Cris “Loira”, o outro Roberto não-adjetivado, Daniela, Milton, Poli e eu. Pessoas de profissões variadas, idades nem tanto: a maioria está entre os 40 e 50 anos. Dois casais completos, oito casados sem seus cônjuges e sete solteiros. Seis patrões, cinco funcionários do setor privado, quatro servidores públicos e quatro profissionais liberais. Nenhum estagiário ou aposentado. Todos heterossexuais, aparentemente.

Graças a Deus um dos meus temores não se confirmou: não havia nenhum místico militante no grupo. Morria de medo de ter que ouvir, por 20 dias, tentativas de conversão da minha alma, técnicas do abhyâsa, sutras de Patanjli: Anubhûta-visayasampramosah smrtih. Já estaria imensamente feliz se fosse capaz de pronunciar alguma coisinha da última linha.


Depois de umas 30 horas de vôo e conexões em Londres e Doha, chegamos a Kathmandu, que tem um fuso-horário um tanto esdrúxulo: 8:45 hs. adiantados em relação ao horário de Brasília. E o país está no ano 2.065. Este povo do oriente está realmente à frente do nosso tempo.

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